Não assuma o fardo dos outros

 
    Uma das maiores e mais perigosas armadilhas onde nos colocamos é quando assumimos o fardo do outro. Além de nos complicar seriamente, atrasa nosso próprio processo, visto que tiramos o foco de nós e colocamos na causa alheia. Nosso país possui uma cultura extremamente vaidosa, onde o outro tem uma importância muitas vezes maior que a nossa, pra nós mesmos. Já crescemos sendo doutrinados a servir o próximo e estarmos sempre dispostos a socorrê-lo. Tudo é o outro. E há muito pouco tempo é que se ouve falar de "se colocar em primeiro lugar". 

    E nesse caminho, vamos investindo tanta energia nas causas alheias que a nossa não se desenvolve. A grande verdade é que cada um está aqui para cuidar de si mesmo. Isso não significa que não podemos ajudar as pessoas. Mas há diferença entre assumir e ajudar. E é grande. O fardo do outro é dele, a vida é dele, as escolhas são dele. Então, é ele quem precisa levar sua cruz. Eu já tenho a minha, já levo meus pesos, oriundos de minhas escolhas conscientes ou não. Nossa energia funciona por foco, então se eu foco minha atenção em resolver o problema de outrem, inevitavelmente deixo de focar em mim. No final das contas, vou empurrando todo mundo e ficando pra trás. Ninguém vai pagar minha conta depois. Ninguém vai fazer minha vida ir pra frente, só eu vou. 

    Para que os anos não passem e você tenha que lamentar por não ter se priorizado, esteja atento ao que te digo hoje. Ajude seu próximo sim, faça o que sentir na alma, mas sem vaidade, com justiça e ponderação. Não assuma a cruz de ninguém, não pague preços que não são seus. Acredito que você já precisa lidar com os próprios. E não devem ser poucos. Parece egocêntrico e arrogante isso, mas é extremamente funcional. Até porque, se eu me priorizar e me levar pra frente, terei muitos recursos, inclusive para ajudar os demais. Mas se eu me esquecer pra resolver a vida do outro, posso me tornar mais necessitado do que ele. 

Luz e Benção!
Vinícius Francis