A vida é sempre um
assunto tão rico e fantástico! Conversar sobre isso enriquece e faz a gente se
enxergar nesse fluxo infindável que é viver. Não existe mistério para viver,
existe uma dinâmica para isso. Eu aprendi a ver a vida de forma tão clara, tão
nítida, que não enxergo mais esses enigmas que muita gente diz que existem
nela. E você também pode ter a mesma visão, basta mudar a forma de olhar e
mais, basta querer compreender quais são os princípios tão bem orquestrados da vida.
Assim como o nosso
organismo funciona dentro de uma inteligência específica, a vida também. Quando
você se alimenta, sabe que a comida vai cair no estômago, ser digerida e, uma vez separado o que o corpo precisa, o restante será
eliminado. É um sistema, uma programação que não muda. A vida também funciona
desse jeito. O universo, tudo, tem um meio inteligente de fluir.
E um dos princípios
da grande vida é a impermanência, fruto da lei do movimento. Desde que o Big Bang
ocorreu, que foi uma grande expansão de energia, o Universo vem movimentando-se
a partir desse impulso primário. E à medida que ele se move, cria mais energia
e se expande mais e mais. E o resultado disso, logicamente, é mudança, o tempo
todo, sem parar.
Num universo movido
por uma força tremenda de expansão que não pode ser contida, a estagnação é
algo tremendamente contra o todo. Jogue um pedacinho de madeira num rio cuja correnteza é dinâmica e perceba se
em algum momento ele fica parado. Não, ele não para, porque a correnteza o movimenta. E a cada observada que você der no pedaço de madeira, ele estará de um
jeito, numa posição, num lugar. Pois é, assim somos nós, na vida.
Desgostosa verdade
para o ego, mas é assim que tudo funciona. Nada está parado e nada pode
permanecer parado. A lei que impera é a do movimento. E quer você queira ou
não, precisa se movimentar nesse fluxo. E só há duas opções, deixar a energia
motora do cosmos conduzir as coisas naturalmente ou tentar segurar isso o máximo que
puder e ser arrastado. Na segunda opção, tem-se o que chamamos de sofrimento,
que nada mais é, explicado numa única frase, do que “resistência ao mover da
vida”.
Sofremos porque não
querer esse movimento, a maioria quer conforto. Ainda mais quando estar onde se
está parece bom. A mudança é algo vislumbrado como boa quando estamos sofrendo,
aí queremos porque queremos mudar pra ver se melhora.
Mas, para os que estão em
posições confortáveis, mudar não é uma boa opção. No ego, passamos a vida lutando para nos estabilizarmos na sociedade. Esforça-se para ter um bom
emprego, um bom lar, boas relações, posses materiais, etc. Essa é a busca do
homem e da mulher.
Tendo-se alcançado
isso, o ego da maioria quer parar. Chegou onde ele queria, não precisa andar mais. Já está bom.
E essa atitude interior é uma investida contra o movimento do Universo que
garante que tudo sempre vai mudar, se expandir. Nada pode permanecer o mesmo por muito
tempo.
Daí, como a pessoa que chegou num nível confortável não aceita mudar por
comodismo, o progresso que ela nega, começa a empurrá-la. Aí vêm os problemas,
perda de emprego, divórcios, doenças, ou seja, a energia da expansão que não
encontra fluxo positivo de passagem, precisa empurrar as coisas de um modo mais
drástico.
É o mesmo esquema do
rio, se a madeira forçar pra não fluir, a força da água irá empurrá-la. Dentro
disso, temos as mudanças que acontecem e nos pegam de surpresa. Porque existem resistências
conscientes, acerca das quais estamos lúcidos e ainda assim, nos negamos a crescer como espíritos e fluir nas
transformações naturais da vida. Mas a grande maioria resiste
inconscientemente. Não sabe que está resistindo. E também tem aquelas situações
em que simplesmente não conseguimos enxergar nossas zonas de conforto, daí, a
vida precisa virar a mesa do jogo diante dos nossos olhos, revelando-nos assim,
que é preciso mudar.
Olha, nos últimos
meses eu passei por muitas mudanças, de todos os tipos. E nem todas foram fáceis, simples, compreensíveis quando ocorreram. Mudar mexe com tudo na gente, especialmente nas fraquezas.
Queremos o progresso,
mas quando ele ativa o movimento em prol de sua realização,
parece que não queremos ir mais. E tudo seria mais simples se nós escolhêssemos
confiar na vida e soltar os freios, permitindo-nos ir pelos caminhos que o
fluxo do rio cria. Só que nem sempre esses caminhos são os nossos. E é aí onde
sofremos. Porque o ego quer as coisas do jeito dele. Ele quer que a vida mude,
não ele. Mas isso é impossível, somos um com a vida, somos parte dela, não há
como ela mudar sem que mudemos junto.
E quanto mais
rebeldes e acomodados vobratoriamente nos pomos, mais a impermanência da vida nos
assusta e de certa forma, nos fere. Porque ela se move de um jeito que foge do alcance de qualquer um. Isso é importante
frisar, as mudanças da vida assustam porque não podemos controlá-las. E como o
ego é uma parte de nós que insiste em manter o controle, sofremos por não
conseguirmos impô-lo sobre a vida.
Simplesmente ela
vem, como uma tsunami, desfazendo o antigo cenário e trazendo outro logo em
seguida. E o medo, como reação instintiva que se manifesta com o fim da nossa sobrevivência
e auto preservação, grita: Cadê meu mundo? Minha vida? Minhas coisas?
Tudo
simplesmente já não é mais como antes. A vida foi, mas nós ficamos pra trás,
presos em nossos apegos, expectativas, idealizações.
Porque ela não avisa
quando sua onda de mudança virá, ela vem e pronto. Quer estejamos preparados ou
não, ela vem uma hora. E nos tira de onde estávamos para nos levar para onde
precisamos ir. Sem pedir licença, pois ela é senhora das transformações e da
expansão. Nós, ao invés de buscar sermos bons agentes que procuram aceitar e
fluir nessas mudanças da forma mais harmônica possível, passamos uma boa parte do tempo chorando sobre o leite
derramado, sendo que temos a opção de encher a garrafa com um novo leite e
seguir em frente.
E aí surgem
dolorosos e indesejados estados como insatisfação, angústia, sensação de perda,
desilusão, medo, temor pelo amanhã, desamparo. Mas não porque a vida nos deixou
assim, e sim, porque estávamos presos demais às realidades que antes tínhamos e
agora, não temos mais. Essa é a nossa dor. E perante a dor sacamos que na
verdade estávamos condicionados, acomodados, fazendo das coisas, lugares ou
pessoas, nosso preenchimento. Nada que se vai pode servir de preenchimento, só que o que permanece pode fazê-lo, ou seja, nosso eu maior.
A expansão vai
exigir mais cedo ou mais tarde que soltemos nossos confortos e muletas
emocionais para descobrirmos a força do caminhar sobre nossas próprias pernas, na confiança plena em cada movimento que a vida faz.
A vida muda, não para nos fazer sofrer, mas pra nos amadurecer, nos preparar e nos levar,
através de suas experiências muitas vezes lidas pelo ego como perdas e
infortúnios, ao desfrute de nossa felicidade nata, que às vezes está tão
escondida debaixo do tapete do cômodo, do razoável!
E precisamos às vezes que a vida dê
uma sacudida nesse tapete para que o que estava posto embaixo, seja enxergado. Nada será o mesmo,
amanhã tudo novo será. Hoje não é como o ontem, por mais que você esteja
aparentemente na mesma vida. Só que não está. Você é outra pessoa. Tudo é
sempre inédito e nada se repete, porque somos a cada instante produto da soma
de nossas vivências e experiências.
Cada atrito que uma pedra sofre a torna diferente,
nem mesmo as pedras permanecem sempre iguais e onde estão. Deus determina que
tudo mude, pois mudando, experienciaremos a vida em todas as suas vertentes,
possibilidades, gostos, sensações.
Passando por tudo
isso, desabrochamos quem somos através dos infinitos viveres. E colhemos,
experiência após experiência, uma semente de aprendizado. Depois de certo tempo, o que parecia ser o fim se transforma em muitas sementes, com as quais semearemos o nosso jardim, onde serão exibidas todas as cores de nossa
felicidade.
Aceite a
impermanência. Nada precisa ser sempre do jeito que é para ser bom, a
transformação é muito melhor. E as coisas não precisam ser como esperamos que
sejam, elas precisam é se mover. À medida que elas se movem, podemos, com inteligência
e assertividade, fazer desse movimento
um meio de chegar em todos os lugares e destinos que almejamos.
Que o amor nos cure!
Vinícius Francis
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Maravilhosas elucidações.
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