segunda-feira, 4 de junho de 2018

A funcionalidade dos momentos de crise



    Os momentos difíceis e os conflitos que vivenciamos são sempre um grande desafio em nossa caminhada na Terra. Aliás, faz parte desta vida e do processo atual evolutivo, os altos e baixos emocionais, as crises, as situações em que nos encontramos em sofrimento interior. A única maneira sábia de lidar com isso é compreender o porquê tais eventos acontecem e mais, qual o propósito ou funcionalidade dos momentos de crise interna.

    Obviamente, sabemos que ser positivo é melhor, no sentido de que quando estamos vibrando em estados felizes, em sensações agradáveis, temos mais poder magnético, somos mais fortes. Porque quanto mais perto do amor, mais poderosos nos tornamos e o fruto disso é a atração das coisas que alimentam esse bem. Semelhante atrai sempre o semelhante. Jamais ousaria contestar a verdade de que é melhor estar bem, feliz, positivo, alegre. Todavia, também não vou crucificar os momentos ruins, porque sim, há algo bom neles também.

    Por esse e outros motivos que eu não creio no mal. Existe uma versão de tudo com menos luz, claro, existe sim. Onde existe luz há também sombras, nesse universo de dualidade. Pense em tirar um dos lados de uma moeda, você conseguiria? Não, porque ela é em si, os dois lados. Então, se eles existem, deve haver uma função inteligente para ambos. Tudo em nós existe por uma causa inteligente. Talvez, o modo como usamos o que está em nós é que pode não ser inteligente. São coisas diferentes. Por exemplo, a raiva. 

    Há quem diga que a raiva é ruim. Mas, pense em como seria não sentir raiva num mundo como este, onde costumeiramente precisamos nos impor! Muitas vezes, é movidos pela raiva que tomamos certas atitudes a nosso favor, movidos pela raiva damos um basta em muita coisa na vida. Impomos respeito, defendemos o que é nosso, reivindicamos o nosso direito. Então, ela em si mesma é uma aliada, desde que usada com sabedoria e discernimento.

    Então, o que dizer dos momentos ruins que passamos? O que eles podem nos ensinar de bom? Pra te responder isso, vou usar uma ilustração: Se você viaja de avião voando alto, certamente chegará ao destino mais rápido. Assim como quem está positivo alcança as coisas boas mais rapidamente, atrai com mais força. Ao mesmo tempo, quando voamos baixo (emoções negativas, conflitos, estados de crise interna), talvez percamos velocidade e agilidade na viagem, mas temos a oportunidade de visualizar melhor sobre onde estamos voando. Quando o avião está voando em baixa altitude, conseguimos ver a paisagem, as cidades, às vezes até carros, pessoas, ou seja, tudo fica mais nítido, claramente visível.

    Do mesmo modo, é quando estamos em crise, perdemos a potência de um voo alto, mas ganhamos a oportunidade de enxergar claramente certas coisas. Os momentos difíceis nos presenteiam com a chance de prestar atenção em nosso mundo e ver o que está errado. Cada crise ou conflito que emerge é uma oportunidade de cura, de liberação. Certas coisas só vemos quando “voamos baixo”.

    Só que diferente de uma viagem de avião, onde se pode ignorar o que está embaixo e simplesmente voar na potência máxima, na vida real, não é saudável acelerar os motores e ignorar certos detalhes. Porque quando negligenciamos partes em nós que precisam de atenção, o nosso “voo” se compromete. E até o mais potente dos aviões, uma hora precisa descer, abastecer, fazer uma revisão geral. Nós também. Sem a motivação, entusiasmo e alegria de um estado positivo (que é maravilhoso), nossa atenção é focada naquilo que dói. E só quando dói é que eu percebo que está lá. Se não doer, pode ser que fique pior e eu nem perceberei que piorou.

    Percebe como o sofrimento, apesar de ruim pra nós, pode acabar nos ajudando? Sem crises emocionais eu não nunca vou ter a chance de perceber uma parte minha que precisa de amor, porque se dói, se me tira dos voos altos é porque precisa de amor. E é minha tarefa cuidar dessa questão. Por isso, quando voamos baixo e imergimos nas crises, entramos nesse processo de cura e renovação. E depois, naturalmente, subimos. Quando o conflito foi compreendido, trabalhado e curado, levantamos voo, regressamos às nuvens em estados felizes e prosseguimos nossa viagem com mais velocidade e força.

    Por isso, não despreze seus momentos de crise. Claro que a ideia é diminuir isso e é pra nos empenharmos mesmo nessa missão, afinal merecemos os melhores estados. Porém, até pra ter o mérito de viver nos melhores estados em maior constância, será necessário voar baixo pra resgatar e resolver aquilo que nos impede de alçar voos altos e atingir os patamares que almejamos.

Que o Amor nos cure! 
Vinícius Francis :-) 


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